O projeto Travessia foi lançado na noite desta segunda-feira (17), em Estrela, em um encontro que reuniu autoridades, voluntários, lideranças regionais e representantes de entidades. Idealizado pelo apóstolo Wagner Calheirana em parceria com a ONG Morada Comum, o movimento inicia oficialmente sua jornada de mobilização comunitária, resgate da memória das enchentes e construção de ações coletivas para fortalecer a cultura de prevenção e solidariedade no Vale do Taquari.
Calheirana destacou que a Travessia nasce como um gesto de gratidão, reconhecimento e união entre vítimas das cheias, voluntários e instituições que atuaram nos momentos mais críticos. “A Travessia é um projeto que traz a união entre as pessoas que sofreram com as enchentes e aqueles que foram socorro para elas. É gratidão pela vida, por estarmos aqui, e pelas pessoas que olharam umas pelas outras com sensibilidade, amor e generosidade”, afirmou.
O apóstolo reforçou que o movimento também homenageia quem se dedicou a salvar vidas e a reconstruir comunidades — de personalidades influentes a voluntários anônimos que enfrentaram as águas para resgatar famílias. Segundo ele, o processo que se inicia agora envolve documentação, relatos, podcasts, reuniões e mobilização de parceiros fundamentais para preparar o grande evento de 14 de março de 2026.
“Queremos juntar povos, tribos, línguas e nações. Precisamos quebrar paradigmas e reconhecer que ainda vale a pena acreditar nas pessoas boas e generosas, e que devemos trabalhar para deixar um mundo melhor para as próximas gerações”, completou.
Manutenção da memória para construir o futuro
A preservação da memória e sua importância para o futuro também foram temas centrais da fala de Calheirana. Para ele, esquecer os eventos recentes pode significar repetir tragédias. “Se não mudarmos nossa maneira de olhar para o rio e de ocuparmos nossos espaços, corremos o risco de ter um evento ainda pior no futuro. Precisamos manter viva essa história no coração das crianças e adolescentes, de geração em geração”, disse, defendendo a criação de um museu com fotos e documentários sobre o que ocorreu na região.
A prefeita de Estrela, Carine Schwingel, destacou o caráter comunitário e transformador da iniciativa. “Estamos falando de um movimento que nasce da união de muitas pessoas. Precisamos falar sobre a dor para evitar que ela volte a acontecer. Só preservamos aquilo que conhecemos, só amamos aquilo que conhecemos”, afirmou.
Para ela, o evento de 14 de março — que reunirá as duas cidades às margens do rio — será decisivo para reforçar a valorização das pessoas e o debate sobre soluções e prevenção. “O objetivo maior é reconhecer os heróis, voluntários e todos que salvaram vidas. Valorizar as pessoas é o mais importante que temos”, concluiu.
Sobre o Projeto Travessia
O ponto culminante da Travessia será realizado em 14 de março de 2026, às margens do Rio Taquari, com uma grande celebração comunitária. O projeto prevê apresentações musicais, homenagens às vítimas e aos heróis das enchentes, além de mensagens sobre prevenção, memória e relação com a natureza. O evento reunirá cidades da região e simbolizará união, respeito à história e compromisso com o futuro.

