A 45ª Amostra de Teatro da Rede Sinodal de Educação (Atese) começa a criar novos vínculos de afeto e relacionamento em Lajeado. Na casa da família da estudante Wisla Allebrand, de 17 anos, a mãe Sandra Melo e o padrasto Samuel Luís da Silva vivem a experiência de terem mais duas "filhas" da Amostra de Teatro. As colegas Bruna Garcia Nagel, de 17 anos e Mariana Rutzen Rehbein, de 16 anos, vieram de Três de Maio para o evento e estão hospedadas no Bairro Montanha. Até o fim do encontro, na próxima quinta-feira, eles são responsabilidade da família, repetindo uma tradição evangélica da Rede Sinodal de Educação: acolher os filhos de outras instituições durante eventos.

A mãe de Wisla, Sandra, já é veterana na missão de acolher filhos de outros colégios da Rede Sinodal. Revela que no passado, quando recebeu adolescentes de outras cidades, a filha era pequena e não tinha o mesmo nível de interação com os visitantes. "Hoje está sendo uma experiência completamente diferente. É uma satisfação grande participar desta ação e incentivar o teatro por meio da nossa participação", revela.

Ainda na madrugada, mesa posta para o café da manhã em família. O capricho de quem cuida do detalhe para receber é aparente, assim como na avaliação das meninas. "Estamos vivendo uma experiência muito legal, com uma acolhida familiar. Na chegada, tudo parece meio estranho, mas é normal. Agora já estamos enturmadas", diz Bruna. Mariana concorda e acrescenta que a recepção foi tão acolhedora que ambas conseguem se sentir em casa, na casa da Wisla.

Café tomado, todo mundo embarcado no carro, rumo ao Centro Comunitário Evangélico, no Centro de Lajeado, onde está montado o palco das apresentações de teatro. "Nossa apresentação é na quinta. Até lá, vamos participar ativamente de todas as atividades", conta Mariana.

No Centro Comunitário Evangélico, que está sobre os cuidados das equipes do Colégio Sinodal Conventos (CSC), as refeições no almoço, lanche e jantar são todas no mesmo local. Da casa do pouso até o espaço das apresentações, o deslocamento é responsabilidade da família que abriga, até o fim do evento, na quinta. "Esta é uma tradição da nossa rede de educação, uma prática que é repetida em diferentes eventos, promovendo a integração entre as famílias de diferentes instituições e ensino", garante o diretor do CSC, Rui Griesang.

O efeito pedagógico do teatro

Com objetivos diferentes, as meninas Wisla, Bruna e Mariana são um pequeno recorte dos mais de 120 estudantes atores que participam da 45ª Atese em Lajeado. No entanto, algo em comum pela arte as une, dentro e fora dos palcos. "Eu tinha vontade de ingressar no teatro desde o 9º ano, porém a pandemia da Covid atrasou esta chegada. Hoje, concluindo o Ensino Médio, sinto que fiz muito bem em escolher esta atividade", avalia a anfitriã, Wisla.

Mariana também compartilha o gosto de entrar em cena. Segundo ela, no palco é possível vivenciar mais que uma vida e isso é instigante. "Eu me realizo, me sinto muito bem no palco quando estou em cena", diz.

Já Bruna confidencia que buscou o teatro como uma forma de romper a barreira da inibição. Encarou a arte de atuar como um desafio para vencer a timidez, mesmo dentro da sala de aula. "Antes eu não conseguia pedir uma explicação para o professor, porque tinha vergonha do que pensariam de mim ao pedir aquela informação. O teatro mudou muito a minha realidade", complementa.

A 45ª Atese é uma realização do Colégio Sinodal Conventos, com a participação do Colégio Gaspar Silveira Martins – Venâncio Aires; Colégio Evangélico Augusto Pestana – Ijuí; Colégio Sinodal Progresso – Montenegro; Centro de Educação Básica Gustavo Adolfo – Lajeado; Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem) – Três de Maio; Instituto Sinodal Imigrante – Vera Cruz; Colégio Teutônia – Teutônia; Colégio Sinodal da Paz – Novo Hamburgo; Centro Sinodal de Ensino Médio Sapiranga – Sapiranga e Colégio Ipiranga – Três Passos, com o patrocínio do Sicredi Integração RS/MG.