COLUNISTA
Impacto da Covid 19 no setor da cortiça: desafios e resiliência
   
A APCOR queria saber mais sobre o impacto da COVID 19 no setor e realizou um inquérito a todos os seus membros

Por Vitor Pereira
08/02/2021 14h06

A pandemia mudou o mundo, incluindo um impacto em toda a comunidade empresarial. O sector da cortiça não é exceção. A APCOR queria saber mais sobre o impacto da COVID 19 no setor e realizou um inquérito a todos os seus membros. Estas são as principais conclusões.

Veio quase sem qualquer aviso e mudou radicalmente nossas vidas. Portugal encontra-se agora num segundo período de bloqueio e estamos a unir as nossas forças para travar a propagação do vírus, conscientes de que a recuperação económica só será possível se primeiro protegermos a saúde de todos.

Para avançar, temos que entender o que já aconteceu. Em julho de 2020, após o primeiro bloqueio, a APCOR realizou um inquérito a todos os seus associados, para avaliar o impacto do COVID 19 no setor da cortiça em Portugal. Suas principais conclusões fornecem um panorama do setor nos meses imediatos à declaração do primeiro estado de emergência.

A primeira constatação é que, globalmente, o sector da cortiça em Portugal tem-se revelado muito resiliente, com 95,6% das empresas a continuar a trabalhar e apenas três empresas a encerrar. De acordo com o levantamento, 67,7% das empresas informaram funcionamento normal, durante e após o estado de emergência. No entanto, 12,2% afirmaram que continuam encontrando dificuldades após o retorno à atividade.

De acordo com a pesquisa, 84,6% das empresas continuaram em pleno funcionamento com todos os funcionários. Em contrapartida, 15,4% das empresas afirmaram não trabalhar com todos os funcionários. Nestes casos, o afastamento médico foi responsável por 80% das faltas e os outros 20% decorrentes do regime de rodízio.

Quando questionados sobre o impacto da pandemia em seus negócios, uma grande maioria (93,8%) disse ter experimentado algum impacto do contexto global. Com efeito, quando solicitados a comparar com o mesmo período de 2019, foram bastante categóricos: 29,5% afirmaram que a pandemia teve um impacto negativo, de 21-30%, nos negócios, 19,7% afirmaram que o impacto foi entre 11 para 20% e 18% declararam entre 41 e 50%. Cerca de 13% das empresas pesquisadas relataram que o impacto negativo no negócio tem sido superior a 50%.

Havia previsões e expectativas diferentes para o futuro. 80,1% acreditam que as vendas diminuirão a partir de setembro de 2020, mas 11,8% esperam um impacto positivo, levando a vendas maiores.

Em relação às medidas de apoio às empresas lançadas pelo governo, quase metade dos respondentes - 45,7% - afirmou não ter necessitado de recorrer a nenhuma destas medidas. Mas muitas empresas o fizeram. As medidas mais implementadas pelos associados foram as “moratórias de crédito e juros” (17,1%), a “linha de crédito empresarial” e a “dispensa simplificada” (ambas utilizadas por 14,3% das empresas). Questionados sobre a aplicação das medidas, os membros referiram que os principais problemas de suporte eram “complexidade” (70,8%), “tempos de resposta lentos” (56,9%) e “montantes insuficientes” (36,9%).

Embora a situação possa ser mais crítica, os dados indicam grande incerteza sobre o futuro. Na altura da realização do questionário, apenas 40% das empresas do sector da cortiça afirmaram não prever a necessidade de recorrer a quaisquer medidas no futuro. Mais dados serão necessários para verificar se essas expectativas são confirmadas.

Vitor Pereira

Fonte AICEP / Corticeira Amorim / AICEP

   

  

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