ESTRELA
Famílias deixam abrigos, agora fechados, e passam a ocupar moradias temporárias em Estrela
   
As chaves das 86 residências modulares e mobiliadas foram entregues na presença do governador Eduardo Leite nesta manhã (27). Ordem de início para construção das primeiras cem moradias definitivas foi assinado

Por Rodrigo Angeli
27/09/2024 15h51

Uma importante etapa foi superada na manhã desta sexta-feira (27), em Estrela, para assim tornar o dia a dia de famílias atingidas pela enchente um pouco mais confortável e próximo da rotina até antes de terem seus lares devastados pela força das águas. Na parceria com o Governo do Estado, e na presença do governador Eduardo Leite, foram entregues as chaves de 86 moradias provisórias para famílias de Estrela que ainda estavam em abrigos municipais. Município, que foi o que mais recebeu essas unidades em todo o Estado, pode vir a ser beneficiado ainda com outras 20. 

Com a entrega, os abrigos municipais, que no auge da tragédia chegaram a operar sete diferentes unidades e abrigar até 1.2 mil atingidos, foram fechados todos oficialmente. Ainda, neste processo de reconstrução, o município assinou nesta semana a ordem de início para a construção das primeiras cem unidades definitivas entre as 1.090 já projetadas, e abriu a licitação para as empresas interessadas na construção de outras 512 unidades. 

Estratégia 

Dentro de uma estratégia desenhada pelo Governo do Estado com os municípios para amenizar a situação das famílias enquanto soluções mais definitivas são projetadas e construídas, o uso das casas provisórias pré-prontas foi traçado como o modelo a ser aplicado em todo o RS. O tática ocorre através de uma parceria entre os governos do Estado, através do Programa a Casa é Sua – Calamidades, e o município, que entra com o terreno, a terraplanagem, instalações elétricas e hidráulicas e o ajardinamento das moradias. Além das habitações, já mobiliadas, cada unidade receberá uma casinha de cachorro para os pets. Neste sentido, Estrela acionou ainda em maio o governo do Estado, apresentando dados, projetos (como locais e infraestrutura), e foi a beneficiada com o maior número de unidades, e agora pode zerar a espera em abrigos, onde ainda estavam mais de 80 famílias, cerca de 180 pessoas.      

Entrega 

O ato ocorreu no Loteamento Nova Morada, local que recebeu a maioria (2/3) destes lares provisórios, ou seja, 63 unidades. Outras 23 estão no Bairro Imigrantes, mas cujas famílias também poderão usufruir dos espaços já a partir desta sexta. O evento contou, além do governador Leite, com a presença do secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Carlos Gomes; e da empresa responsável pelas casas, a Visia Construção Modular. Por Estrela, entre outras autoridades, líderes comunitários, as famílias beneficiadas e a secretária municipal de Habitação e Desenvolvimento Social, Renata Cherini. Ela comentou. “Estamos muito felizes. Hoje superamos mais uma importante etapa deste ciclo. Outras já estão em andamento. Por isso a escolha deste local. Queremos que as famílias que ocuparem as casas temporárias vejam e acompanhem, no terreno em frente, suas futuras residências definitivas se erguerem.”    

À espera da felicidade 

Roseli Andréia da Silva tem 44 anos. Faz quimioterapia contra câncer de mama e axilas. Está desde o dia 30/05 nos abrigos, junto de cinco dos oito filhos e sete netos, dois deles ainda em gestação. Perdemos tudo. Eu e meus filhos, netos. Mas estamos hoje muito felizes porque vamos para um lugar só nosso de novo. Sei que ainda não é a minha casa, mas já vai ser bom demais ter um cantinho só nosso de novo, para ficar só com a nossa família”, diz, emocionada. A filha, Catiele France da Silva, mãe de duas crianças, completa. “Minha mãe e muitos de nossa família esperamos por mais de 12 anos por uma casa nossa de fato Essa espera aqui no abrigo não foi fácil. Vamos para casas provisórias agora aguardar as casas definitivas. Vai ser outra espera, mas vamos ver como algo que vai positivo e encerra todo um ciclo”, reflete ela, chorando. 

Como são 

As unidades foram projetadas para abrigar famílias menores, mas já com estrutura suficiente para dar ânimo ao recomeço. Cada módulo, com 27 metros quadrados, é composto por dormitório, sala e cozinha conjugadas e banheiro e já contará com itens essenciais para estes espaços e a rotina (são mobiliadas, inclusive com armários, geladeira, fogão, vaso, pia, tanque, cama de casal, beliche e sofá cama), além de casa pet e tratamento de esgoto. Por dispensar construção no local, os módulos são ambientalmente favoráveis, pois não geram resíduos de obra e possibilitam uma economia de oito vezes menos água em comparação com métodos tradicionais. A empresa Visia Construção Modular, contratada pela Sehab-RS, trouxe o método da Europa e já entregou mais de 8 mil desses módulos em todo o país. 

A Administração de Estrela comemora também a ordem de início para a construção das primeiras cem moradias definitivas e a abertura de licitação para contratação da empresa responsável pela construção de outras 512 unidades. Ao todo, estão planejados 1.090 novos lares definitivos, em terrenos já adquiridos pelo Governo Municipal e fora de áreas de inundação. O cadastramento das famílias está ocorrendo através do programa “Meu Novo Lar.” 

Casas definitivas 

Foi assinada nesta quinta-feira (26) a ordem de início da construção das primeiras cem unidades habitacionais definitivas de Estrela. As mesmas serão erguidas como parte do complexo de apartamentos que estão programados para os terrenos do Loteamento Renascer, ao lado do Nova Morada. As obras devem iniciar em menos de 30 dias, pela empresa Telesil, vencedora da licitação. O Governo Municipal já entregou à empresa o Alvará de Autorização para início de obras. 

E nesta quarta-feira (25) foi aberta também a licitação para a construção de outras 512 unidades. O chamamento público se estenderá até dia 14/11.

 Mil moradias definitivas 

Em diversas frentes, a secretaria municipal de Desenvolvimento Social e Habitação de Estrela tenta atender a demanda surgida com os impactos das cheias. Ao todo, num primeiro momento, estão programadas 1.090 moradias definitivas (casas e apartamentos). São 1.050 em parceria com o Governo Federal, através do programa “FAR Calamidade (Fundo de Arrendamento Residencial)”; e outras 40 através da parceria do Governo Estadual no programa “A Casa é Sua.” 

As moradias definitivas da parceria com o Governo Federal serão erguidas no Loteamento Renascer, em formato de apartamentos (916), e em outros terrenos da cidade, mas todos fora de área. Já as 40 moradias através do programa  “A Casa é Sua”, com o governo estadual, serão construídas em terreno no Bairro Boa União. A localização destes projetos em áreas próximas a serviços básicos como escolas e pontos de atendimento de saúde foram fortemente levados em consideração na escolha dos pontos. Tanto que no Renascer serão construídas duas novas escolas (Educação Infantil e Fundamental), um posto de saúde e uma unidade do Cras. 

Estrela ainda concede cerca de 389 aluguéis sociais para outras famílias, o que totaliza mais de R$ 296 mil (números atualizados) mensais em auxílio. 

Cadastramento “Meu Novo Lar” 

Foi dado início na última semana o cadastramento das famílias desalojadas pelas enchentes e que seguem com o objetivo de garantir uma nova moradia, e também mensurar a real demanda por casas em Estrela. O programa “Meu Novo Lar” vai beneficiar inicialmente, com as 1.090 moradias garantidas, as famílias de Estrela cujas casas foram destruídas em decorrência da força das águas. Até então, cerca de 700 famílias já realizaram o cadastramento.  

O atendimento é feito diariamente, das 8h às 17h, de maneira contínua até o dia 30, no Parque Princesa do Vale. Nesta fase, é essencial que cada família apresente os documentos de identidade de todo grupo familiar, a comprovação de residência do imóvel destruído e o comprovante de renda dos membros da família. Famílias que possuam membros com deficiência devem informar no processo de inscrição. 

Após as inscrições, uma comissão técnica do Município de Estrela analisará e validará todos os documentos apresentados, seguindo os critérios dos programas habitacionais do Governo Federal. O projeto, financiado pelo Governo Federal através do programa PAC Calamidade, prevê o custo de R$ 200 mil por unidade, sendo que as famílias beneficiadas não terão nenhum custo com os imóveis.

   

  

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