VARIEDADES |
Muçum revive a fé na tradicional encenação da Paixão de Cristo nesta Sexta-feira Santa |
Peça teatral promovida pela Associação Muçunense de Artes resgata tradição, fé e cultura no coração do Vale do Taquari, transformando um cenário marcado pela enchente em símbolo de esperança coletiva |
Na próxima sexta-feira, 18 de abril, a cidade de Muçum, no coração do Vale do Taquari, volta a respirar fé, emoção e reflexão com a tradicional encenação da Paixão de Cristo, promovida pela Associação Muçunense de Artes (AMA). O espetáculo começa às 19h30min, no Morro da Matriz, em plena área central da cidade, e promete novamente tocar o coração do público com uma produção intensa e emocionante.
Organizado pela AMA desde 2002, o evento nasceu de forma modesta, dentro de um ginásio de esportes, e hoje é reconhecido como uma das maiores encenações ao ar livre do Rio Grande do Sul, movimentando a cultura e a religiosidade da região.
Com um elenco formado por cerca de 70 atores amadores locais e de cidades vizinhas, o espetáculo mantém a essência da narrativa bíblica da morte e ressurreição de Jesus Cristo, mas inova a cada edição com novos formatos cênicos, cenas e recursos técnicos, o que garante a atenção e emoção do público do início ao fim.
“Cada detalhe está sendo pensado com muito carinho. Sabemos da importância espiritual e simbólica desse momento para a comunidade. Em tempos difíceis, é na fé que muitas pessoas reencontram força para seguir. E a encenação da Paixão de Cristo é justamente isso: um reencontro com a esperança”, destaca Renan Lucas Nardin, presidente da AMA.
A Prefeitura de Muçum financia mais de 80% das despesas do espetáculo, reafirmando seu compromisso com a cultura local. No entanto, a AMA reconhece as dificuldades que o município enfrenta, especialmente no contexto da reconstrução pós-enchentes, e por isso lançou uma campanha de contribuição via Pix para custear parte dos serviços essenciais para a realização do evento.
Chave Pix (CNPJ): 22.234.503/0001-64
Qualquer valor é bem-vindo e ajuda a manter viva essa tradição tão especial para o nosso povo.
“Ali, no mesmo local onde vamos encenar, o rio Taquari passou com força devastadora em setembro de 2023 e maio de 2024, arrastando tudo o que havia pela frente. E hoje, estamos novamente aqui, mas desta vez para um momento de fé, de reflexão, de reconstrução coletiva pela arte e pela espiritualidade”, emociona-se o diretor do espetáculo, Ranieri Zilio Moriggi.
O público poderá assistir ao espetáculo de forma confortável sob a estrutura da Rua Coberta, protegidos do sereno. A orientação é que cada pessoa leve sua cadeira para melhor acomodação. Também haverá distribuição gratuita de água quente e erva-mate, uma cortesia da Ervateira Erva-Mate da Família, parceira da iniciativa.
Mais do que uma apresentação teatral, a Paixão de Cristo de Muçum é a prova viva de que, mesmo diante das adversidades, a cultura e a fé podem florescer — renovando o espírito de uma comunidade que resiste, se reergue e acredita.
Depoimentos de alguns atores
“Interpretar Jesus nunca é uma tarefa fácil, ainda mais em um ano como este, em que Muçum vive a reconstrução após tanta dor. Cada passo que dou no Morro da Matriz carrega a simbologia de um povo que caiu, mas levantou com fé. Estou honrado por poder representar a esperança em forma de arte”. – Rafael Miotti (Jesus).
“Ser Maria é sentir na pele o amor e a dor de uma mãe que vê seu filho sofrer. E esse sentimento ecoa muito forte em nosso povo, que também sofreu perdas nos últimos tempos. Neste ano, a emoção vem dobrada. Estamos aqui para mostrar que o amor resiste, e que nossa cidade, como Maria, encontra forças no silêncio e na fé”. – Fabiana Todescatto Bagnara (Maria).
“Maria Madalena é a figura da transformação e da coragem. Encená-la é um convite à reflexão sobre nossas próprias mudanças. E neste palco, onde há poucos meses a água cobriu tudo, poder contar essa história é mais que atuar — é renascer junto com nossa cidade”. – Júlia Canepelle (Maria Madalena).
“Mesmo interpretando alguém do lado opressor da história, é impossível não se emocionar com a mensagem maior que a Paixão de Cristo carrega. Ver o público ali, emocionado, é um lembrete de que a arte tem poder de cura”. - Marciano Fleck (Soldado Romano)
“Os sacerdotes do Sinédrio representam a rigidez das estruturas e o medo de mudança. Interpretar um dos membros do templo me faz refletir sobre o quanto precisamos estar atentos ao que é justo de verdade. Fazer essa encenação aqui, num lugar onde o Rio Taquari passou duas vezes levando tudo, é um lembrete de que o verdadeiro poder está na compaixão, e não no controle”. – Amarildo Baldasso, vice-prefeito (Sacerdote Tiago).
“Viver Judas Iscariotes é encarar um personagem pesado, que exige muito emocionalmente. Este ano, com tudo que Muçum enfrentou, a história de traição e redenção ganha ainda mais significado. No fundo, todos buscamos uma segunda chance. E essa encenação é, para muitos de nós, uma forma de reconstruir também por dentro". – Mateus Trojan, prefeito (Judas Iscariotes).
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