ENSINO
ÍmPares qualifica instituições para atuação especializada junto a pessoas neurodivergentes e atípicas
   
Censo Escolar 2024 aponta que apenas uma em três escolas de educação básica conta com Atendimento Educacional Especializado, que contempla estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades ou superdotação

Por Lara Moeller
19/12/2025 16h24

 

A inclusão e desenvolvimento de pessoas neurodivergentes e com outras atipias é um dos principais desafios da educação brasileira. Além de políticas que garantam avanços desses alunos, há formação insuficiente para implementar as medidas necessárias e falta de recursos nas instituições. Com o objetivo de contribuir para a mudança desta realidade, está sendo lançada a ÍmPares, empresa dedicada a fortalecer instituições de ensino em todo o país a partir da capacitação e qualificação dos seus profissionais, buscando prepará-los para promover o desenvolvimento integral e inclusivo desses estudantes e dar suporte às suas famílias.

O número de matrículas de alunos com transtorno do espectro autista, por exemplo, aumentou 44,4% na educação básica em 2024 em relação ao ano anterior, conforme dados do Censo Escolar 2024. Isso significa um salto de 636.202 para 918.877 crianças – crescimento significativo e importante, que ainda não é acompanhado pela oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Dados do Ministério da Educação mostram que apenas uma em cada três escolas no Brasil conta com espaços e profissionais dedicados para prestar este suporte.

A partir da proposta de uma plataforma online com trilhas de formação e conteúdos multidisciplinares, a ÍmPares atua desde o entendimento das atipias até o papel da escola na inclusão, na construção e no desenvolvimento integral do aluno. Além disso, os módulos de estudo também contemplam o bem-estar e a saúde emocional dos profissionais que trabalham nas instituições educacionais e a promoção de um ambiente de acolhimento para as famílias.

A ÍmPares tem como sócios-fundadores a presidente do Instituto Melnick e ortodontista, Camila Melnick, a advogada e educadora Caroline Turri e o CTO e especialista em tecnologia André Borba, que reforçam que a legislação caminha no sentido de assegurar os direitos dessas pessoas, mas, na prática, há muitas lacunas a serem preenchidas. “Nosso objetivo vai além do aprendizado. Queremos que instituições e profissionais evoluam e se fortaleçam. São mais de 2,1 milhões de estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista, altas habilidades ou superdotação hoje nas escolas, e sabemos dos desafios para incluí-los e para adaptar os processos de ensino-aprendizagem neste contexto”, afirma Camila.

“Temos o propósito de fortalecer instituições, disseminar conhecimento e inspirar práticas que promovam pertencimento e oportunidades reais de desenvolvimento a partir de espaços que reconhecem singularidades e ampliam o potencial humano”, explica Caroline.

A iniciativa vem em um momento de necessária adaptação das instituições educacionais no Brasil ao Decreto nº 12.773, de 8 de dezembro de 2025 que trata da Política Nacional de Educação Especial Inclusiva e altera o Decreto nº 12.686, de 20 de outubro de 2025. Entre outras medidas, há previsão de formação específica de professores com carga horária mínima de 360 horas e de profissionais do ambiente escolar, com carga horária mínima de 180 horas.

Caixa de texto: Realidade Brasileira em números 
    Transtorno do espectro autista (TEA)    
•	Segundo o último Censo Demográfico (2022), o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com TEA, equivalente a 1,2% da população brasileira. Entre os grupos etários, o de maior prevalência foi o de 5 a 9 anos (2,6%). 
•	Esse levantamento traz os primeiros dados oficiais sobre autismo no Brasil e, ainda assim, eles têm origem na autodeclaração.
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
•	Conforme a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), TDAH afeta 5% da população brasileira até 44 anos e 6,1% entre pessoas com mais de 44 anos. 
   Altas habilidades ou superdotação
•	Censo Escolar de 2024 registrou 44.171 estudantes identificados com altas habilidades/superdotação matriculados na educação básica, 64% a mais que o Censo de 2022
Importante ressaltar que há expressiva subnotificação e dificuldade de diagnóstico, o que leva a indicadores provavelmente menores que a realidade.

 

Iniciativa conta com profissionais de referência no setor

Cada trilha de formação da ÍmPares conta com responsáveis técnicos especializados, referências nas suas respectivas áreas – psicologia, pedagogia, nutrição, terapia ocupacional, psiquiatria, neurologia, genética, pediatria –, que garantem a excelência e a confiabilidade dos conteúdos oferecidos. “Além disso, asseguram que cada módulo seja construído com rigor científico, alinhado às práticas mais atuais de abordagem pedagógica e manejo das atipias”, reforça Camila.

Entre os profissionais estão a pediatra especialista em neurologia infantil, PHD em Neurociências pela PUCRS/UCLA e gestora médica da ONG Colo de Mãe, Marta Hemb; o psicanalista, pediatra e professor de psicanálise e pediatria Paulo Luis Rosa Sousa; a psicóloga, psicanalista e doutora em Ciências Médicas pela UFRGS Júlia Schneider Protas; a pedagoga e especialista em Neuropsicopedagogia Tamires Roos; o terapeuta ocupacional com certificação internacional em Integração Sensorial de Ayres Filipe Geyer; a nutricionista e doutora em Ciências Médicas Anize von Frankenberg; a terapeuta ocupacional e especialista em psicomotricidade Ester Milman Chrempach; e a psicóloga clínica e especialista em transtornos do desenvolvimento Luciana Azevedo.

 

Projetos-piloto mostram a relevância da plataforma

A empresa inicia suas atividades com projetos-piloto gratuitos, que começam a ser implementados até o dia 15 de dezembro em escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul. A expectativa é ampliar a atuação da ÍmPares, beneficiando indivíduos neurodivergentes e com outras atipias de instituições de ensino e famílias em todo o país.

“Pilotamos algumas de nossas aulas em escolas públicas e privadas, a fim de mostrar o quão relevante é envolver professores, monitores, auxiliares e todos os profissionais do ambiente educacional neste processo de formação e também validar com esses públicos a nossa proposta de formato e conteúdo”, explica André Borba.

Em Porto Alegre, participam do projeto os Colégios Farroupilha, Israelita e Despertar, e em Eldorado do Sul, as escolas públicas estadual Professor Américo Braga e municipal La Hire Guerra.

Para as famílias de pessoas neurodivergentes e com outras atipias, a proposta é de acolhimento e desenvolvimento, com trilhas que estimulam, também, a troca de experiências como mais um impulso à transformação. “O apoio de quem está na mesma condição é um diferencial no progresso dos indivíduos e no entendimento das próprias famílias, é transformador”, declara Borba.

 

 

Sobre a ÍmPares

A ÍmPares é a plataforma que conecta conhecimento, empatia e inclusão para transformar o modo como se promove o desenvolvimento das pessoas neurodivergentes e com outras atipias. Fundada pela presidente do Instituto Melnick e ortodontista Camila Melnick, pela educadora e advogada Caroline Turri e pelo CTO e especialista em tecnologia André Borba, tem o objetivo de fortalecer instituições de ensino em todo o país a partir da capacitação e qualificação dos seus profissionais. Além do foco no aprendizado, é um movimento que acolhe famílias para que, a partir da soma de ciência e sensibilidade, a inclusão aconteça de forma real e eficaz.

www.impareseducacao.com.br

@impares.educacao

   

  

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