CURIOSIDADES
O Egito faz desfile público com múmias de quase 4 mil anos atrás, durante transferência entre museus
   
Há mais de três mil anos os egípcios não cortejavam faraós. Confira o vídeo no final da matéria

Por O Sul
05/04/2021 17h30

No Egito, o governo preparou um grande desfile para transferir de um museu a outro os sarcófagos de 22 faraós de 36 séculos atrás. Há mais de 3 mil anos os egípcios não “cortejavam” faraós. As emissoras de TV do país norte-africano vinham chamando a população para esse momento havia meses. O governo cogitou fazer o procedimento sem alarde, mas a opção foi pela pompa e circunstância.

A Orquestra do Egito forneceu a trilha sonora da última jornada de 18 reis e quatro rainhas. Eles deixaram para trás o Museu Egípcio, na capital Cairo, escoltados por uma carruagem e em ordem cronológica.

O faraó Seqenenre Taa abriu o desfile. É a múmia mais velha do grupo, porém não a mais famosa. Esse status  é atribuído a líderes como Ramsés II, que reinou por 67 anos e assinou o primeiro tratado de paz já conhecido.

No sábado (3), quem garantiu a paz foram os batedores. Mas o principal risco no trajeto de 5 quilômetros era o sacolejo de restos mortais tão antigos e bem preservados. Os organizadores usaram carros com amortecedores especiais. Os faraós ficaram em cápsulas cheias de nitrogênio, para manter a conservação.

Milênios atrás, a técnica de embalsamamento era outra. Os primeiros métodos envolviam o corpo com faixas apertadas de linho ensopadas com resina, sais, ervas, óleos, ceras. Para conservar melhor o corpo, os sacerdotes retiravam todos os órgãos, menos o coração, considerado o lugar da inteligência.

E ele bateu forte várias vezes ao longo do Desfile de Ouro dos Faraós. Luzes, faixas, músicas. As pessoas acompanharam nas ruas, pela TV e pela internet a sua História. O Egito experimentou um forte aumento de infecções por covid há um ano. Mas os casos de contágio e mortes foram caindo. O governo acha que está livre de mais uma praga e agora permite as reuniões.

Os 22 reis e rainhas também já tomaram decisões polêmicas. Atualmente, com um discreto sorriso nos sarcófagos, pareciam gostar de uma renovada bajulação. A carreata durou perto de uma hora. O presidente recebeu os antigos governantes no novo Museu Nacional da Civilização Egípcia, que passou a funcionar integralmente neste domingo (4). Abdel-Fattah al-Sisi inaugurou uma obra faraônica.

As múmias foram descobertas em 1871 no Vale dos Reis e estavam em salas apertadas no Museu Egípcio desde o começo do século passado. Agora, a antiguidade ganhou um controle moderno de temperatura e umidade, com projeções que lembram os túmulos subterrâneos.

O Egito teve uma aula em tempo real. Viajou de volta para o universo dos papiros, hieróglifos e outros artefatos de uma das mais importantes civilizações humanas.

Polêmicas e superstição

A transferência dos faraós não aconteceu sem polêmicas. As múmias do Egito são historicamente associadas a maldições. No túmulo do faraó Tut, haveria um aviso: “A morte virá em asas rápidas para aqueles que perturbam a paz do rei”.

Muitos supersticiosos enxergaram uma relação entre o desfile e um acidente de trem com dezenas de mortos; o desabamento de um prédio com 18 mortes e, claro, o navio que atolou no Canal de Suez, parando parte do comércio marítimo entre Ásia e Europa.

A professora Salima Ikram, da Universidade Americana do Cairo, explica que o desfile ajuda o povo a “se envolver com o próprio passado”. Ela lembra que esses são os reis do Egito e têm uma importância histórica e econômica para atrair turismo.

Os egípcios antigos faziam mumificações porque acreditavam que a pessoa precisava do corpo na vida eterna. E é nos museus que eles alcançam aquilo que queriam: a eternidade.

 

Com informações de O Sul

   

  

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