ESTRELA |
Dia da Árvore: plantação de muda de Umbu faz resgate histórico e de lendas em Estrela |
Cerimônia agendada para este sábado (21), Dia da Árvore, pretende plantar a muda na Praça Menna Barreto, em local de peso histórico na fundação do município e berço de lendas e histórias |
Não apenas as constantes chuvas dos últimos dois anos, mas em especial pelos fortes ventos que assolaram Estrela em janeiro deste ano, fizeram com que a Praça Menna Barreto, no Centro de Estrela, perdesse grande parte de sua vegetação e tivesse sua estrutura danificada, como a fonte e brinquedos. Pois num processo de reestruturação que envolve todo o município após os eventos climáticos, a praça também recebe cuidados e melhorias. Pois neste sábado (21), Dia da Árvore, a partir das 10h, em cerimônia simbólica para marcar a data, será plantada no local uma muda de Umbu, árvore que segundo os relatos e registros históricos fazia parte do cenário local quando o espaço ainda não era uma praça, nem Estrela uma cidade, mas fonte de lendas e relatos como da “onça” que rondava o lugar e alvoraçava a imaginação dos antigos moradores. Uma escultura da mesma também adornará o local. Apresentações culturais completarão a cerimônia.
O renomado professor e historiador de Estrela, Leônidas Erthal (81) deverá estar presente ao ato. Um dos maiores conhecedores da história do município, ele faz um resgate da importância destes elementos envolvidos. Segundo Erthal, no século XIX, no alto da colina, onde hoje se situa o Centro de Estrela, o “tempo corria de forma diferente. Não havia ainda o desenho familiar de ruas, nem o burburinho de um povoado em formação. A paisagem era vastidão, e a vida seguia os ritmos de uma grande fazenda, com a casa-grande olhando altiva sobre lavouras e senzalas”, diz ele. “Estrela, antes de ser município, era apenas mais uma dentre as tantas fazendas do Alto Taquari, um lugar de resistência à urbanização que tardaria a chegar”, segue. Ainda, o primeiro prédio, modesto, ergueu-se por volta do ano 1800. O segundo, “já com ares de civilidade” como testemunha, foi o sobrado de Antônio Vitor de Sampaio Menna Barreto, depois Hotel Ruschel, erguido algumas décadas depois. “Entre esses dois pontos, o que havia era a natureza em estado bruto, resistente ao trabalho das mãos que tentavam domesticá-la”, relata o professor. Foi nesse cenário que Antônio Vítor de Sampaio Menna Barreto começou a esboçar as primeiras ruas. “Contudo, o trabalho dele foi mais do que traçar linhas imaginárias no chão: foi preciso domar o terreno, esculpi-lo”, completa o historiador.
O surgimento da praça
Conforme o também historiador Airton Engster dos Santos, coordenador do Memorial de Estrela, e que está na organização do evento, “o topo da colina não era tão plano quanto hoje se vê. A própria Rua Júlio de Castilhos precisou de rebaixamentos para se adequar à vida que se desenvolvia ao seu redor. E a igreja matriz, cujas portas frontais abriram-se para o horizonte, são testemunhas de um tempo em que o solo ainda moldava a chamada Freguesia de Estrela.” Como segue Engster, por volta de 1868, Pedro Horn chegou a Estrela. Hospedou-se na casa de Antônio Vítor enquanto erguia, com suas próprias mãos, um rancho de barro e pau a pique no Morro dos Horn, hoje Cristo Rei. “Quando perguntado sobre aqueles dias, seu filho Jacó lembrava-se do vilarejo de apenas seis casas, pequenas e frágeis diante da vastidão que as cercava.”
O Umbu e a onça
Mas havia algo mais que residia na memória de Jacó: a presença de uma onça, soberana, que habitava uma toca nas raízes de um frondoso Umbu, plantado na praça Santo Antônio, hoje Menna Barreto. “Essa onça, com sua presença majestosa, parecia simbolizar o elo entre o passado indomável da região e o futuro que se anunciava. Estava sempre ali. Foi só depois, enquanto a praça surgia e a cidade se erguia, que a onça, como se estivesse ciente da mudança que viria, deixou a colina e migrou em direção às matas densas, próximas ao Rio Taquari”, detalha Engster. “Seu rugido, outrora ecoando pelas colinas, tornou-se apenas um sussurro distante, à medida que as estacas do povoado fincavam raízes”, relata o historiador.
“E assim, Estrela nasceu, com praça e igreja, mas também da paciência da terra e da tenacidade de seus habitantes. Uma vila que foi fazenda, floresta e lar de uma onça que, em seu tempo, também reinou ao lado do Umbu”, frisa Engster. De acordo com Leônidas Erthal, apesar de muitas lendas e histórias, a onça de fato viveu sim e rondava o local, em especial o pé de Umbu. “Agora, façamos o resgate da história de fato e destas lendas”, reforça ele.
Evento no Dia da Árvore:
Plantio de um Pé de Umbu
Onde: Praça Menna Barreto
Quando: 21/09 - 10h