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COLUNISTA |
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A VINGANÇA PELA VINGANÇA |
| Quando não perdoamos, carregamos pesos que não nos pertencem mais e nos prendemos ao passado de mágoa e dor |
Parece que estamos vivendo um momento de nossas vidas e da nossa história em que o perdão, tão proferido por Cristo e antes tão essencial para manter vínculos e construir futuros mais leves, está sendo esquecido. Em seu lugar, cresce um ciclo silencioso de ódio e ao mesmo tempo ruidoso, de vingança pela vingança. Isso se espalha por todas as esferas: nas famílias, entre casais que deixam a mágoa falar mais alto do que o diálogo e acabam se separando; entre sócios de empresas que trocam a confiança pela disputa; entre igrejas que se fragmentam por pequenas diferenças; e entre governos que já não buscam consenso, mas apenas derrotar o outro a qualquer custo pela vingança.
Essa cultura da retaliação transforma qualquer desacordo em batalha. A dor vira justificativa, a dureza vira norma, e a empatia vai sendo empurrada para a margem. Perdemos a capacidade de enxergar que ninguém ganha quando todos estão ocupados em ferir e se vingar. Perdoar, no entanto, não é esquecer ou aceitar injustiças; é escolher quebrar o ciclo da dor, abrindo espaço para o diálogo, para reconstruções e para caminhos mais humanos da paz.
Talvez seja isso o que mais falta hoje: a disposição de olhar para o outro sem a lente da vingança ou da crítica, mas com a possibilidade da reconciliação. Quando não perdoamos, carregamos pesos que não nos pertencem mais e nos prendemos ao passado de mágoa e dor. O perdão não transforma apenas relações; transforma pessoas. Devolve serenidade, suaviza a dor do coração e desfaz distâncias invisíveis dos nossos sentimentos.
Como sociedade, talvez estejamos sendo chamados a reaprender essa arte de ouvir o outro e perdoar. Em um mundo acelerado e inflamado de vingança e ódio, perdoar pode parecer cafona ou fraqueza, mas é justamente o contrário: é força, maturidade e coragem. E, se cada um de nós der um passo nessa direção, poderemos transformar não só nossas próprias vidas, mas também a vida do outro e o ambiente em que vivemos, tornando-o mais leve, mais justo e mais pacífico. Aproveita e reflita sobre este tema neste Natal.
Até a próxima.
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